UFRJ Plural - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Saúde e bem-estar

Jejum prolongado antes do exame de colesterol pode não ser necessário
Beatriz Ladeiras

Um estudo realizado no Canadá questiona a necessidade de jejuar antes do exame para verificar o colesterol. Segundo os pesquisadores, a influência da alimentação sobre os resultados não é significativa e não justifica o longo jejum que os laboratórios, em geral, exigem antes da coleta de sangue. Os pesquisadores Davindher Sidhu e Christopher Naugler, da Universidade de Alberta, compararam os resultados obtidos nos exames de colesterol de mais de 200 mil pessoas, realizados com os mais diversos tipos de jejum. Em seguida, eles compararam o colesterol médio dos grupos que ficaram muita s horas sem comer com o dos que fizeram apenas um curto jejum, e notaram que as diferenças nos níveis não eram tão altas. 

Segundo o endocrinologista Adolpho Melich, do Serviço de Nutrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF - UFRJ), o jejum sempre foi considerado essencial para o teste. "O exame de colesterol sempre precisou de um jejum alto, pelo tempo que leva para a gordura metabolizar. Na minha opinião, o exame não necessita do jejum se for medido somente o LDL. Os exames que são feitos nos laboratórios medem os triglicerídeos e o HDL." Ainda assim, o nutrólogo acredita que esses estudos são importantes para incentivar a mudança do tipo de exame: "Seria mais fácil para o paciente se fosse feita a medição direta do LDL, mas esse exame não é comum".

Apesar de ser comumente taxado de substância "ruim", o colesterol é necessário para o organismo; sem ele, as células não formariam a membrana que as envolve e não teriam como receber alimentos e oxigênio. A alimentação é uma parte importante para o controle do colesterol, mas não representa tudo, somente cerca de 30%, os outros 70% são produzidos pelo próprio corpo. O que ocorre é que a dieta com determinados alimentos pode reduzir os níveis de colesterol em até 15%, mas, ainda sim, dependendo da genética de cada indivíduo, uma pessoa que não come gordura pode ter colesterol alto.

Existem dois tipos de colesterol no corpo humano: o LDL e o HDL. O LDL ficou popularmente conhecido como "ruim", porque em excesso entope as artérias e pode causar as doenças. Já o HDL, conhecido como colesterol "bom", retira o excesso de colesterol dos tecidos, inclusive das artérias, impedindo o seu depósito e diminuindo a formação das placas de gordura. O LDL e o HDL, do sangue, vão para o fígado, e seguem secretados na bile, de onde vão para o intestino e saem nas fezes. 

Produzido pelo fígado, o colesterol está associado a diversos processos vitais para o organismo; no entanto, seu excesso no sangue está relacionado ao maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. São sempre recomendadas, por todos os especialistas, uma alimentação saudável e atividade física regular para o controle da saúde. "O exercício físico é indicado não só para manter o nível de colesterol dentro do desejado, mas também das demais substâncias do nosso corpo, ou seja, quanto antes, melhor", finaliza Adolpho.