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Em Pauta

Reeleição de Obama não afeta relações com o Brasil
Carla Basílio

Após reeleição no dia 6 de novembro, Barack Obama governará a maior potência do planeta por mais quatro anos, dando continuidade à agenda democrata em diversas áreas. Nesse sentido, é válido repensar as relações entre Brasil e Estados Unidos, e como a permanência de Obama no poder pode ou não afetá-las.

Alexander Zhebit, professor do curso de Relações Internacionais da UFRJ, dimensionou os impactos em setores como imigração, política externa e tecnológica. A respeito da economia, o docente afirma que "embora a balança comercial ainda seja muito mais favorável aos Estados Unidos, o estreitamento das relações econômicas é visto como um desdobramento positivo, com uma quase paridade dos investimentos diretos dos dois países".

Zhebit comentou também as dissonâncias políticas e ideológicas entre as duas nações, explicando que, "mesmo havendo uma aproximação entre os países, o Brasil tem ganhado mais peso no cenário internacional, participando mais ativamente dos problemas globais, o que faz as divergências se maximizarem. Isso vai de rusgas sobre subsídios agrícolas, críticas quanto às medidas americanas anticrise, até potenciais diferenças sobre Irã, Síria e o processo de paz entre palestinos e israelenses".

Um fato que ratifica essas diferenças, segundo o professor, é que, se por um lado Obama corteja os turistas brasileiros, por outro, o Brasil, assim como a América Latina, ficou de fora de suas plataformas durante a campanha. "A ausência da região indica uma incongruência", sentenciou Zhebit.

Finalizando a entrevista, o professor demonstrou que não acredita em grandes mudanças no panorama entre as duas nações e que as atitudes de ambos os países, um em relação ao outro, serão parecidas nesse segundo mandato. "Não creio em grandes mudanças no setor econômico. Os dois países têm mostrado uma agenda crescentemente protecionista. No entanto, é necessário frisar que os Estados Unidos têm sua pauta econômica decidida em grande parte pelo Congresso, e não tanto pela Casa Branca", alertou. Além disso, "se o país continuar com seus subsídios agrícolas, por exemplo, veremos uma crescente das críticas brasileiras". 

A América Latina, assim como o Brasil, não tem sido prioridade para os Estados Unidos. "Além da relevância econômica, os países têm importância geopolítica estratégica e, nesse quesito, nações como Rússia, Índia e China se destacam mais do que o Brasil", concluiu.