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9o Congresso de Extensão mobiliza UFRJ

Jessika Peixoto

Semana Nacional de Ciência e TecnologiaO "9o Congresso de Extensão", realizado entre os dias 5 e 9 de novembro, fez parte do mês de integração acadêmica da UFRJ, que se estendeu de outubro até 9 de novembro. As atividades foram realizadas no prédio da Reitoria, na Cidade Universitária; no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), na Praia Vermelha; no campus de Macaé e no polo de Xerém. Organizado pela Pró-Reitoria de Extensão (PR-5), o objetivo do Congresso foi apresentar à comunidade acadêmica os resultados dos programas e projetos concluídos ou em andamento no ano de 2012.

De acordo com dados fornecidos pela professora Ana Inês Sousa, superintendente acadêmica da PR-5 e coordenadora do Congresso, de todos os 510 trabalhos apresentados, 429 foram aceitos para apresentação. Esses trabalhos envolveram 1.524 pessoas, incluindo docentes, técnicos, estudantes de graduação e outros. As áreas se dividiram entre temas como Comunicação (12), Cultura (43), Direitos Humanos e Justiça (38), Educação (157), Meio Ambiente (27), Saúde (122), Tecnologia e Produção (21) e Trabalho (9).

Em sua maioria, os trabalhos estão vinculados a Programas e Projetos de Extensão, apoiados pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão - Pibex. Foram também apresentados resultados de projetos apoiados por financiamentos externos.

De acordo com o pró-reitor de Extensão, Pablo Benetti, o Congresso é uma etapa fundamental na avaliação dos projetos e programas de extensão financiados pela PR-5 e por outras fontes, na medida em que são divulgados os resultados dos trabalhos, questionadas as metodologias e, sobretudo, pela fértil troca de ideias entre os participantes.

Interação com a sociedade

As apresentações foram feitas em sessões orais, audiovisuais e na forma de pôster dialogado. Este ano foi também experimentada a integração das apresentações orais dos trabalhos com as atividades em aula de disciplinas dos cursos de graduação da Escola de Belas Artes, da Faculdade de Arquitetura e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano.

A programação contou ainda com atividades culturais, com a "1ª Feira de Extensão", o "Fórum de Extensão da UFRJ", o "4o Encontro de Estudantes Extensionistas", lançamento de livros e mesas-redondas sobre os temas "Extensão e Pesquisa – Avaliando a Integração" e "Ciência, Tecnologia e Sociedade: uma proposta de formação interdisciplinar".

Para Alexandrina de Queiroz, fisioterapeuta e coordenadora do programa Ativida, promovido pela decania do Centro de Tecnologia, a importância da interação entre a universidade e a sociedade possibilitada pelos projetos de extensão ainda necessita de maior reconhecimento. "A comunidade universitária reconhece a importância, mas não no nível em que deveria. As pessoas poderiam estar mais envolvidas, participando tanto como assistentes, quanto desenvolvendo projetos. Existe uma gama imensa de temas possíveis de serem gerados dentro da universidade e em nosso entorno", ressaltou.

Biblioteca Comunitária na Maré

As estudantes de biblioteconomia da UFRJ, Alessandra Domingos, do 5o período, e Kizzi Helena, do 3o período, são bolsistas da atividade de extensão "A Biblioteca Comunitária e sua Contribuição para a Inovação Social". Neste projeto, a Biblioteca Lima Barreto, que existe desde 2005 e fica localizada na Maré, é usada como uma ferramenta de inovação social.

"Quando falamos em inovação social, costumamos nos ater à palavra 'inovação'. Quando as pessoas pensam nisso, esperam por algo diferente de tudo já visto anteriormente. A inovação da qual falamos é constituída por estratégias que possam trazer melhorias ou acrescentar coisas novas ao que já foi apresentado. É um processo construtivo", afirmou Kizzi.

Hoje, o prédio da biblioteca foi dividido em dois. A parte de baixo se tornou a biblioteca infantil Ana Maria Machado. Qualquer pessoa pode ter acesso ao acervo e, segundo as estudantes, a maioria dos usuários passa a frequentá-la diariamente com o decorrer do tempo.

"Para os jovens, nós disponibilizamos os livros best-sellers, como Harry Potter. Na hora da devolução, apresentamos a literatura nacional, com autores como Machado de Assis e Martha Medeiros", contou Alessandra.

Sobre a influência do projeto extensionista na sua formação acadêmica e cidadã, Kizzi se disse surpresa com os resultados positivos. "Por vezes nos deparamos até mesmo com crianças em contato com o crime, e temos a oportunidade de apresentá-las ao livro, tanto para lazer quanto para estudo. É um serviço muito recompensador", completou a estudante.

Centro de Referência de Mulheres

O Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMM-CR), que apresentou seu trabalho durante o 9o Congresso, é um projeto de extensão do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH/CFCH/UFRJ), localizado na Vila do João.

O CRMM atende mulheres da comunidade e oferece acompanhamento psicológico e jurídico, sempre com o foco nos direitos da mulher. Além disso, são oferecidas oficinas diversas. Vera Lucia, de 55 anos, moradora da Maré há 30, ressaltou que as atividades extensionistas não são relevantes apenas como meio de pesquisa dentro da universidade, mas também para as pessoas atendidas e beneficiadas.

"Eu aprendi uma nova profissão. Faço fuxico, bordado, crochê. Agora as mulheres da Maré trabalham por conta própria, somos nossas próprias chefes e também nos ajudamos. Além disso, o centro realiza debates e oferece ajuda psicológica. É ótimo", afirmou.


Casa da Ciência UFRJ comemora o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento

Beatriz Castellões

Arena MinervaNo dia 9 de novembro, na Casa da Ciência, o professor Ildeu de Castro Moreira, do Instituto de Física da UFRJ, e o professor João Cândido Portinari, filho do pintor homenageado Cândido Portinari, apresentaram uma palestra em comemoração ao Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento.

Para celebrar o dia, foram lembrados os painéis Guerra e Paz, pintados por Portinari, em 1952, por encomenda da Organização das Nações Unidas para a inauguração da sede. Já de início o filho de Portinari revela que seu pai "estava proibido de pintar pelos médicos, devido aos sintomas de intoxicação pelas tintas, e ainda assim aceitou o convite". Ele comentou, ainda, uma frase marcante de Portinari: "Não posso mais pintar, estou proibido de viver".

Com pouco mais de 13 metros de altura e pesando mais de 1 tonelada cada painel, a obra completa foi entregue dia 5 de janeiro de 1956 ao ministro Macedo Soares, das Relações Exteriores, para doação à ONU. A vontade de Portinari de pintar e o que ele acreditava foram expressados por seu filho: "A arte de meu pai era comprometida com valores e ética, não só com formas e cores". Durante a palestra foram passados vídeos que explicaram a história dos painéis e do próprio pintor, que, duramente perseguido pelo Dops, teve que se exilar no Uruguai durante anos.

Painéis entregues, nenhum brasileiro, nem mesmo o próprio artista, pôde vê-los em sua plenitude. Inicia-se então um movimento de opinião pública para que fosse dada a chance ao povo brasileiro de vê-los, pela primeira e derradeira vez. Assim, foram montados lado a lado no fundo do palco do Theatro Municipal, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, e durante dias a exposição contou com lotação e filas na entrada para visitação, além de cobertura jornalística total.

Os painéis foram confiados ao Projeto Portinari durante uma obra na sede da ONU que duraria três anos; portanto, o governo brasileiro tem a obrigação de devolvê-los, e ainda restaurados, até agosto de 2013. O professor e palestrante João Cândido Portinari, diretor e organizador do projeto, relembrou emocionado o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembleia Geral da ONU, no dia 25 de setembro de 2007, mencionando pela primeira vez a obra do artista, que tinha como objetivo "transformar aflições em esperanças, guerra em paz", disse Lula em seu discurso.

A palestra na Casa da Ciência, transmitida ao vivo pela internet, teve como objetivo sensibilizar o público para o tema da paz e o papel da ciência em favor do desenvolvimento. Ao final, os presentes e também os membros da Unesco puderam fazer perguntas.

Perguntado sobre como a ciência pode atuar em prol do desenvolvimento e da paz, João Cândido Portinari respondeu: "A ciência une por ter uma linguagem universal, aproximando os povos, além das próprias descobertas científicas que trazem o bem para a humanidade".